12.4.09

Apóstrofo

Apóstrofo inútil


      E, a propósito de apóstrofo, um poema da Mensagem, de Fernando Pessoa, tem por título «Nunálvares Pereira». Pelo menos numa edição que aqui tenho, da Assírio & Alvim (Lisboa, 3.ª ed., 2002), da responsabilidade de Fernando Cabral Martins, que, em nota final, esclarece: «O título do único poema aqui incluído é transcrito sem modificação pela edição crítica [Mensagem. Poemas Esotéricos, edição coordenada por José Augusto Seabra. Madrid, Colecção Archivos, CSIC, 1993], mas sofre na edição de David Mourão-Ferreira uma alteração de “Nunalvares» para “Nun’Álvares”[,] o que parece consistir apenas numa actualização ortográfica. No entanto, a grafia do nome tem uma dupla tradição, que remonta às primeiras edições impressas da Crónica do Condestável, no século XVI: ou com os dois nomes separados (por exemplo, “Nuno Alvarez”) ou juntos (por exemplo, “Nunalvrez”). Em Herculano, o nome é escrito também dos dois modos, “Nunalvares” e “Nuno Alvares”, nas primeiras edições de Lendas e Narrativas e de O Monge de Cister, por exemplo. Talvez tenha sido em Herculano que Pessoa leu esta possibilidade de grafia do nome — que torna a utilização do apóstrofo inútil» (pp. 99-100).

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