Dos cães e dos blogues
No centro da vida e obra de Charles Darwin, de quem se comemora este ano o bicentenário do nascimento, está o HMS Beagle (a que alguns alunos, já li, chamam caravela…). Ora nós temos a palavra «bigle». Na verdade, é um empréstimo linguístico do inglês beagle. Designa um galgo pequeno, utilizado na caça de coelhos e lebres. A adaptação fonética e gráfica seguida é comum a muitos outros empréstimos. É assim que a adaptação do neologismo e estrangeirismo blog é, muito naturalmente, blogue, como desde o primeiro momento preferi, usei e se vai impondo. Apraz-me ver que até um anglófilo como Miguel Esteves Cardoso usa o aportuguesamento «blogue»: «O que é desconcertante não é a devassa do sigilo bancário — se eles pudessem, transformavam todas as nossas contas em blogues que pudessem consultar quando quisessem —, mas a distinção entre indivíduos e empresas» («O bloco Vienneta», Miguel Esteves Cardoso, Público, 22.04.2009, p. 31). O aportuguesamento, não tenho dúvidas, é o caminho para integrarmos vocábulos estrangeiros, habitualmente neologismos, na língua portuguesa.
No centro da vida e obra de Charles Darwin, de quem se comemora este ano o bicentenário do nascimento, está o HMS Beagle (a que alguns alunos, já li, chamam caravela…). Ora nós temos a palavra «bigle». Na verdade, é um empréstimo linguístico do inglês beagle. Designa um galgo pequeno, utilizado na caça de coelhos e lebres. A adaptação fonética e gráfica seguida é comum a muitos outros empréstimos. É assim que a adaptação do neologismo e estrangeirismo blog é, muito naturalmente, blogue, como desde o primeiro momento preferi, usei e se vai impondo. Apraz-me ver que até um anglófilo como Miguel Esteves Cardoso usa o aportuguesamento «blogue»: «O que é desconcertante não é a devassa do sigilo bancário — se eles pudessem, transformavam todas as nossas contas em blogues que pudessem consultar quando quisessem —, mas a distinção entre indivíduos e empresas» («O bloco Vienneta», Miguel Esteves Cardoso, Público, 22.04.2009, p. 31). O aportuguesamento, não tenho dúvidas, é o caminho para integrarmos vocábulos estrangeiros, habitualmente neologismos, na língua portuguesa.
3 comentários:
Tenho por mim que um dos melhores trabalhos que as Academias podiam prestar à língua seria o aportuguesamento, em consenso,dos empréstimos incorporados pelos donos da língua, seus falantes anônimos. Se não se quer usar 'sítio' como nome de domínio na internet (internete?), que se aportuguese o'saite'. Daqui a 50 anos todos acharão que 'isso' é língua portuguesa... Há dezenas de anos todo brasileiro come 'pitsa', mas ainda escreve em italiano, 'pizza'. Por que?
Caro Paulo Araujo,
Sim, esse seria um bom trabalho.
Totalmente de acordo. Os japoneses de há muito o fazem. Tendo criado há muitos séculos um silabário adaptado a palabras estrangeiras (o katakana) quando aparece uma nova palavra pura e simplesmente colocam o som -o no final... e passou a ser uma palavra japonesa. Assim "bypass" passou a (grafado em katakana) bipasso e outras soluções do mesmo teor. Debottlenecking (eliminação de constrangimentos) para os nossos confrades brasileiros é de há muito "desgargalamento". etc.
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