20.7.09

Sobre «afro-americano»

Imagem: http://www.boston.com/

Comparemos



      «Nascido a 19 de Outubro de 1936, numa família de 17 filhos, na América de Franklin D. Roosevelt, o afro-americano serviu duas vezes na Marinha antes de terminar o curso no Seminário Teológico Baptista de Nashville» («O conselheiro rebelde de Martin Luther King», Diário de Notícias, 26.12.2008, p. 37). «Num segundo, este afro-americano casado, com dois filhos, viu-se pai de 14 crianças» («Ele acredita que é o pai, ela nega», Diário de Notícias, 26.02.2009, p. 25). «Afro-americana vai liderar saúde pública nos EUA» (Diário de Notícias, 14.07.2009, p. 52). Na tradução de livros não me surpreende o uso do termo «afro-americano», mas já é diferente na imprensa. Foi o termo que a vaga do politicamente correcto impôs nos Estados Unidos. É uma convenção a tentar substituir outra convenção. Tenho é sérias dúvidas de que todos os leitores, em Portugal, entendam exactamente do que se trata. De resto, como definem o termo os dicionários de língua portuguesa? O Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora afirma que «afro-americano» é o «que diz respeito a americano de ascendência africana». Deve ser por isso que Maria Teresa Thierstein Simões-Ferreira Heinz, mulher do ex-candidato democrata à Casa Branca John Kerry, por ter nascido em Moçambique, se definiu como afro-americana. Veja-se este texto meu sobre o uso equívoco da palavra «africano».