4.8.09

Compostos com quase- (II)

Quase raro

      «Both of these notions introduce what White called the quasi-ethics of belief (White 1956. 278).» O tradutor verteu assim: «Ambas as noções introduzem o que White designou a quase-ética da crença (White 1956, 278).» Já aqui abordei um dia estes compostos de quase-, que se vêem sobretudo nas traduções, mas não só: «Que sim, garantiu-lhe o quase-médico» («Nome dos homens», Carlos Abreu Amorim, Correio da Manhã, 29.06.2009, p. 52). «Sarkozy tem um quase-cognome: “Presidente hiperactivo”, devido às suas permanentes acções diplomáticas (em dois anos visitou 65 países), políticas e desportivas — corre ou anda de bicicleta várias vezes por semana e é assistido por um personal trainer» («Sarkozy sai do hospital», Público/P2, 28.07.2009, p. 15).

Actualização em 11.09.2009


     
Carlos Abreu Amorim insiste: «Ser a favor da verdade e da transparência no Continente e embuçar a situação quase-chávista na Madeira é avaliar como um bando de lerdos» («Contradição política», Carlos Abreu Amorim, Correio da Manhã, 9.09.2009, p. 52).

Actualização em 7.1.2010
      
     

      «Na parafernália da segurança que nos transforma a todos em terroristas mal pomos os pés num aeroporto, continuamos à espera que sejam os aeroportos a fazer o trabalho que compete acima de tudo aos serviços de informações: localizar, identificar e acompanhar as pessoas suspeitas que viajem a partir de estados suspeitos (Obama reconheceu que o quase-atentado “poderia ter sido evitado” se os serviços de informações tivessem “compreendido” os dados que já tinham sobre o cidadão nigeriano. O que significa aqui “compreendido”?)» («Os suspeitos do costume», Pedro Lomba, Público, 7.1.2010, p. 32).

      «Um Presidente Alegre tornaria Sócrates refém da maioria parlamentar de esquerda (ou pelo menos da quase-maioria com o BE), o caminho certo para a sua irrelevância ou para o fim da sua credibilidade governativa» («Campanha», Luciano Amaral, Metro, 7.1.2010, p. 7).

Actualização em 18.04.2010     

      Mais um exemplo: «Agora, ao registar os acontecimentos como os vira, podia começar a enfrentar o desafio, recusando-se a condenar a quase-nudez chocante da irmã, em pleno dia, mesmo ao pé de casa» (Expiação, Ian McEwan. Tradução de Maria do Carmo Figueira e revisão de Ana Isabel Silveira. Lisboa: Gradiva, 5.ª ed., 2008, p. 54).

Actualização em 4.06.2010     

      «A minha boca abriu-se e senti um quase-som formar-se na parte de trás da garganta» (Memória de Tubarão, Steven Hall. Tradução de José Remelhe e Luís Santos. Queluz de Baixo: Editorial Presença, 2009, p. 21).

Actualização em 7.06.2010

      «Uma adaptação do hit Simply the Best, de Tina Turner, tornou-se um quase-hino partidário» («Não é piada: a sátira chegou ao poder», João Manuel Rocha, Público, 7.06.2010, p. 18).

Actualização em 13.11.2010


      «E imagina-se mal que as rádios e as televisões concorrentes da RTP, e até os demais media, possam continuar a ser clientes da Lusa. Até porque o País viveria então num quase-regime sovieto-chinês!» («Uma absurda “agregação”», J.-M. Nobre-Correia, Diário de Notícias, 13.11.2010, p. 66).



2 comentários:

Franco e Silva disse...

Pois é. Mas segundo a cartilha da Academia Brasileira de Letras (e candeia que vai à frente ...) pela 5.ª edição do seu VOCABULÁRIO ORTOGRÁFICO DA LÍNGUA POTUGUESA (regido pelo novo Acordo Ortográfico (1990)) será sempre QUASE e NÃO sem hífen: QUASE LIVRE, QUASE CERTO, QUASE ÉTICA, NÃO ALINHADO, NÃO CASO, etc.

Helder Guégués disse...

Que ainda não é a nossa cartilha.