6.11.09

Uso das preposições

Pára, pára, pára!

      «Depois de nos juntarmos aos dirigentes da nossa delegação, para concluir a nossa apreciação das eleições, que era globalmente positiva, fui para Ramallah, para me reunir com Abbas e com os seus principais conselheiros» (Palestina: Paz sim. Apartheid, não, Jimmy Carter. Tradução de Pedro Garcia Rosado e revisão de Luís Milheiro. Lisboa: Quidnovi, 2007, p. 156). Três vezes a preposição «para» na mesma frase? Quando leio uma frase destas, lembro-me sempre do revisor antibrasileiro. Nunca ele deixaria passar uma frase assim tão desasada. E a pontuação está incorrecta. Proponho: «Depois de nos juntarmos aos dirigentes da nossa delegação para concluir a nossa apreciação das eleições, que era globalmente positiva, fui a uma reunião com Abbas e com os seus principais conselheiros.» O leitor perspicaz já reparou: não se trata, no caso, de uma questão meramente (e já era muito) estilística, mas também gramatical. O segundo para está usado incorrectamente pela preposição a. Sim, convém fazer uma revisão do uso de preposições com os verbos ir e vir, e especificamente do uso de ir para vs. ir a. Esta indica menos permanência; aquela indica mais permanência. Por exemplo: daqui a uns minutos vou ao Mercado de Benfica. Não vou para o Mercado de Benfica, pois não tenho lá banca. Não estou a ver Jimmy Carter, que me parece um homem tão pusilânime, a ir para Ramallah…

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