«O xeque Tantawi não era apenas a figura tutelar da maior e mais antiga escola islâmica em todo o mundo, mas também um dos religiosos mais influentes do islão. Foi grande mufti do Cairo e era responsável máximo pela Mesquita Al-Azhar, na capital egípcia, que gere uma universidade com mais de mil anos» («Voz moderada do islão sunita evitou a radicalização egípcia», Diário de Notícias, 11.3.2010, p. 45).
Apesar, como já aqui vimos, de uma prática diversa, a verdade é que os dicionários e as gramáticas registam os nomes das religiões com inicial minúscula, e assim também islão. Contudo, há quem grafe com maiúscula inicial quando a acepção é a de conjunto dos países muçulmanos. Umas linhas à frente, lê-se no artigo acima citado: «Num contexto em que a religião tem enorme importância, o xeque Tantawi representava a corrente do Islão político que procurava uma acomodação com o poder secular.» A prática, afirmei, é diversa — mas não deve ser arbitrária. No caso, a minha interpretação, se também seguisse a distinção que explanei, seria precisamente ao contrário: a primeira ocorrência grafá-la-ia com inicial maiúscula e a segunda, com minúscula. Gostava de saber o que pensam os meus leitores sobre esta questão.
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3 comentários:
Caro Helder Guégués
Nem de propósito, ainda ontem falava com uma revisora sobre esta distinção. A prática na editora é grafar as religiões com inicial minúscula, com duas excepções: Islão e Cristandade (que, em rigor, são termos que traduzem uma realidade que vai para além da mera religião, com contornos sociológicos e civilizacionais); islamismo é sempre grafado com minúscula inicial. Para «islão», e a ter de fazer uma distinção, optaria também pela que sugere.
Parabéns pelo trabalho que aqui faz.
Pedro Bernardo
Obrigado pelo seu contributo, caro Pedro Bernardo.
Também concordamos com a sua posição.
Embora o futuro AO1990 não especifique essas situações (Base XIX, sobre minúsculas e maiúsculas), no actual AO1945 a Base XLII é clara: «Escrevem-se com maiúscula inicial os substantivos que designem altos conceitos políticos nacionais ou religiosos, quando se empregam sinteticamente, isto é, com dispensa de quaisquer qualificativos: o Estado, o Império, a Nação; a Língua, a Pátria, a Raça; a Fé, a Igreja, a Religião», como em «beneficiou o Estado; foi grande cultor da Língua; propagou a Fé.».
Logo "o Islão" (como um todo de regiões políticas) e "corrente do islão político" (qualitativamente), quer agora (AO1945), quer no futuro (AO1990), uma vez que o AO1990 não revoga o AO1945, pelo que se deverão manter as antigas disposições não atingidas pelas alterações novas.
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