28.4.10

«Essencialmente»

Doce engano


      Tinha de desbastar nas centenas de advérbios em –mente, e que descobri eu? Não querem saber? Então adeus! Já que pedem: a definição do advérbio essencialmente no Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora deixa muito a desejar. Apenas isto: «por natureza» e «por condição». O Dicionário Priberam da Língua Portuguesa acha (às 17.24) que não precisamos de saber. Imaginem agora, para não ser muito rebuscado, que alguém estava a referir os novos saberes apontados pelo relatório da Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI, da Unesco, presidida por Jacques Delors, e queria resumi-los, escrevendo: «Esses novos saberes devem, essencialmente, valer para a pessoa, etc.» Qual das acepções foi aqui usada? Nenhuma! Compulsem então o Dicionário Houaiss e consultem o respectivo verbete: «naquilo que é mais importante, essencial; na essência; basicamente, fundamentalmente». Todos os dicionários são iguais?

[Post 3397]

2 comentários:

Paulo Araujo disse...

Há um dicionário brasileiro, acredito que pouco conhecido em Portugal, pois seu título a isso induz (Dicionário de usos do português do Brasil, 2002), que registra, classifica e define os advérbios terminados em -mente; além dos de modo (3 frequências, no mínimo),os das demais classificações(independente da frequência no corpus), quase duas dezenas. Assim,por exemplo:modo[habilmente],intensidade[redondamente],tempo[longamente], freqüência[periodicamente], exclusão[unicamente], finalidade[enganosamente],delimitação [hermeneuticamente], etc.

Paulo Araujo disse...

Corrijo [redor para [redondamente]; deixei de comentar, por esquecimento, que todas as acepções são abonadas.