Não engulo isto
«Durante quase uma semana, não cozinhei nem comprei mercearias. Em vez disso, todas as nossas várias famílias levaram-nos, a mim e ao Eric, a comer comida mexicana, churrasco e beignets» (Julie&Julia, Julie Powell. Tradução de Fernanda Oliveira e revisão de Eda Lyra. Lisboa: Bertrand Editora, 2.ª ed., 2009, p. 162). E a tradutora entendeu fazer uma nota a beignets: «Uma variedade francesa de donuts.»
Duvido. O contexto não autoriza a tradutora a dizer que são beignets aux pommes: «Entremets composé uniquement de pâte à chou ou à brioche, gonflée dans la friture chaude» (in Le Trésor de la Langue Française Informatisée). Donuts... Até parece que não há entre os nossos doces regionais nada parecido com os beignets aux pommes. Mas enfim, são sinais dos tempos. O que Julie e Eric comeram terá sido mesmo beignets: «Mets ou entremets composé de viandes, légumes, fruits, poissons, enrobés de pâte à frire et passés ensuite à la friture chaude» (idem).
Nota final: eu não escreveria o plural «mercearias», pois «mercearia» é um colectivo: conjunto de géneros alimentícios. (E sim, sei o que regista o Dicionário Houaiss.)
[Post 3457]
Sem comentários:
Enviar um comentário