«A trama policial adensa-se e o detective diz que o criminoso se esconde em casa do Capitão Tibes, que nem faz parte da história. Afinal, o foragido buscou refúgio no sul de França. Em Cap d’Antibes, para ser mais preciso... Conclusão: não sabes traduzir, inventa. Os exemplos da solução fonética do ‘chuta e segue em frente’ são mais que muitos na nossa TV, e há quem diga que, se a dobragem não resolve a questão, pelo menos disfarça-a» («Telecomando», José Alves Mendes, Actual/Expresso, 15.05.2010, p. 34).
E quem é que quer a questão — a incompetência, deveria ter escrito José Alves Mendes — disfarçada? A legendagem ainda permite, pelo menos a alguns de nós, comprovar e denunciar mais facilmente até que ponto o tradutor é incompetente.
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1 comentário:
Neste país é assim! Não se procura o conhecimento, a melhoria, a formação sólida e apropriada. Disfarça-se, desenrasca-se. Como o Helder já aqui disse, a tradução é uma profissão cheia de curiosos. Em vez de se afastarem os curiosos, disfarça-se a sua incompetência e aproveita-se para dar trabalho a uns actores, que a julgar pelas nossas novelas, serão outros incompetentes que tais. Os curiosos levam mais baratinho do que os profissionais, presumo, tanto numa actividade como na outra.
Como a ganância do lucro atira para segundo plano a qualidade, não importa quem nem como traduz, o que importa é que seja barato. O resultado está à vista. Não há quem ponha ordem nisto? Se não é médico, enfermeiro, arquitecto, engenheiro quem quer ou acha que sabe, mas quem é reconhecido oficialmente como tal, porque não se faz o mesmo para a tradução?
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