«Hesitante, prefere antes falar em romeno do que em francês» («Ciganos repatriados mantêm sonhos francês», Isabelle Wesselingh, Diário de Notícias, 20.08.2010, p. 25).
Que trapalhada, na verdade! O verbo preferir, e já aqui abordei diversas vezes a questão, rege a preposição a e não a construção do que, e o advérbio antes é pedido por outra construção. Este é, contudo, um erro já com fortes raízes. Outro exemplo da mesma edição deste jornal: «Legítima pretensão, mas Franco não tinha grande apreço pelo ramo da família de Carlos Hugo, preferindo antes a linhagem de D. Juan de Borbón» («Espanha perde o príncipe que disputou o trono com o Rei», Diário de Notícias, 20.08.2010, p. 49). Em relação ao primeiro excerto, porém, a questão é ainda outra. Isabelle Wesselingh é uma jornalista francesa, da agência France-Presse (AFP), e não escreveu o artigo em português. Alguém o traduziu, e traduziu com erros daquele jaez. A acompanhar a autoria, devia aparecer sempre o nome de quem fez a tradução.
[Post 3815]
1 comentário:
Indo um pouco mais além, não se deixe passar sem reparo o «apreço pela família», que em bom português se diz «apreço à família», na liçao de muitas e boas autoridades, por exemplo Mário Barreto nos «Fatos da Língua Portuguesa», Rio de Janeiro, Presença, 3.ª ed., 1982, apesar de Evanildo Bechara começar a fechar os olhos à coisa na sua Gramática, que já vai na 37.ª ed. Donde se colige, parafraseando o ditado popular, que erro espúrio em língua pura tanto insiste até que fura...
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