Eurico de Barros escreveu um texto todo catita sobre as recomendações do organismo nacional de turismo britânico, o VisitBritain, sobre os Jogos Olímpicos de 2012, mas com os erros que qualquer tradução descuidada tem. Segundo aquele organismo, a Espanha era até há pouco tempo muito machista, mas mudou «dramatically». «Dramaticamente», traduziu o jornalista. Quando tiver de a usar num contexto que a exija, a palavra terá perdido eficácia. O texto («Como lidar com os estrangeiros», Diário de Notícias, 18.08.2010, p. 44) começava com uma «listagem de sugestões para consumo interno e conformes às características nacionais dos muitos turistas que acorrerão às Olimpíadas de 2012». «Listagem», pois.
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3 comentários:
Caro Helder
A adopção acéfala de anglicismos na nossa língua faz-se a um ritmo tal que não há revisão que resista. Começo a pensar que é uma batalha perdida. No jargão de alguns ramos do saber, então, é de bradar aos céus. Quando apresento soluções em português (e muitas dicionarizadas), há autores que protestam, como se lhes estivesse a apoucar o texto com menor rigor científico.
Cumprimentos
Pedro Bernardo
Proponho (mas não estarei sozinho) que dramatically se traduza por radicalmente.
Nada mais verdadeiro - e calamitoso - que o afirmado por Pedro Bernardo. Do seu comentário eu só substituiria «alguns ramos do saber» por «alguns ramos da ignorância», e «autores» por «inconscientes, parolos ou vendidos». Com efeito, os parolos agora actualizaram-se e engordam mais o número dos letrados que dos analfabetos em sentido estrito, espécie muito menos daninha, mas na via da extinção . É preciso tocar a rebate, criar a liga contra o barbarismo e maiormente contra o anglicismo, pois o pessoalzinho já confunde cultura com inglês, e gritar contra a invasão como a Pasionaria contra os fascistas: «No pasaran!»
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