12.11.10

Acordo Ortográfico

Último àqueto


      Podemos estar preocupados com o possível emudecimento da língua, já grandemente estropiada, mas João de Araújo (que não tinha este acordo ortográfico à perna, é bem certo) teria outra opinião: «Propus o outro dia, numa revistinha, que se acabasse com o ditado. Para ensinar a escrever, é suficiente a cópia e a redacção. O ditado, pela maneira como dita o professor, é pai de monstros. Faz de um rapaz, que se chama Edmundo, o Èdmundo. Torna-o repulsivo. O moço, vítima da grafia, vai mais tarde ao teatro, senta-se numa cadeira, conversa com os vizinhos nos intervalos e, para lhes provar que sabe as letras todas, não esquece o c de espectáculo, nem o de acto, nem o de acção. Pelos cotovelos, saem-lhes caranguejos chamados espèquetáculo, àqueto e àqueção» (A Língua Portuguesa, João de Araújo Correia. Lisboa: Editorial Verbo [s/d, mas de 1959], p. 36).

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