Rui Pereira, ministro do Interior, perdão, da Administração Interna, estava hoje de manhã em Tomar, «no terreno», para avaliar os danos causados pelo minitornado. O repórter Paulo Brás, da Antena 1, acompanhou a visita e disse que o ministro acabara de fazer um «breve briefing com as autoridades». Rui Pereira quis manifestar o seu apreço pelo trabalho da Protecção Civil e da Câmara Municipal e garantiu que iria ser accionado o fundo de emergência municipal e que iria falar com o ministro da Economia para que o IAPMEI «acorresse a quaisquer necessidades». E como pronunciou o vocábulo «economia»? Pois claro, ¦ikunumía¦. Quem fala assim, por favor, levante o dedo.
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21 comentários:
Salvo melhor juízo, um "breve briefing" é pleonasmo dos brabos.
Caro Helder,
Eu digo assim, ikunumía.
(E você também).
Não, Fernando, digo ¦ikonumía¦.
Eu digo /ekonomía/ mesmo.
Parece que há para todos os gostos. Já agora: e como pronunciam «ecologia»? É só para tentar perceber a lógica de cada um...
Mas quer lógica ou quer fonética?
Por lógica queria significar as regras (da fonética) que cada um segue. Apenas isso.
Terceiro Anónimo do dia,
Eu digo ikuluƺía.
E aproveito para perguntar ao Helder qual a razão (eventualmente analógica)do seu diferente tratamento do primeiro e do segundo O átono em ikonumía.
Aqui, suponho que com o visa o O "aberto", habitualmente indicado como ɔ. É que, se não, temos um problema bicudo: o dum O "fechado" átono (não u) no Português Europeu.
Eu também digo ikuluƺía. A forma como profiro as palavras não está inteiramente submetida a esse rigor que me faz ver que o valor das vogais é exactamente igual nas duas palavras em discussão. Não sou um falante isolado, integro-me numa comunidade linguística, e nesta oiço claramente o o (habitualmente indicado como ɔ, sim) na palavra «economia». Aqui está, em toda a sua singeleza, a pedir ser atacada, o motivo por que profiro de forma diferente aquelas palavras. Não me escapa, naturalmente, que alguns falantes — que conto pelos dedos de uma mão — pronunciam ikunumía.
O mesmo se passa, e já aqui dei conta disso, com a palavra euro. Bem sei que há, aqui, outra ordem de razões (mesmo que de uma forma inconsciente) a dividir os falantes, mas quem é que a pronuncia euru, como meras razões analógicas levariam a fazer?
Boa pergunta, Helder.
Quem pronuncia êuru são os brasileiros.
Nós fazemo-lo com O final átono «aberto», à imagem de foto, hétero, homo e semelhantes. Como se de palavra abreviada se tratasse.
Para a petite histoire: em 2001, quando se preparava a entrada do euro, foi feito um filmezinho publicitário (lindo, por sinal), a nível europeu. A voz (off) portuguesa seria a minha (como é, desde há anos, a dum popular sistema GPS). Pois bem, todo eufórico, pronunciei sistematicamente «êuru» na sessão de gravação. Escolheram outra voz... Mas pagaram-me o trabalho.
Os Brasileiros, sim — mas em Portugal? Não me surpreendia que houvesse mais portugueses a pronunciar euru do que a pronunciar ikunumía, e não presidirá a essa opção apenas a ideia de que, como palavra autónoma, aquela é uma palavra grave, pelo que o -o átono final terá de ser pronunciado como [u]. Quanto às truncações, há de tudo: como pronuncia o Fernando os vocábulos metro? E expo?
Na minha opinião, os demais exemplos assinalados (euro, foto, hétero, homo, expo) resultam de truncamentos, e como tal têm a sua "lógica" própria. Quanto a metro, eu pronuncio | métru |, sem hesitar. Os casos de economia e ecologia não caem naquela categoria, e não vai ser por causa de uma eventual maioria pronunciar | ikonumía | que eu também o vou fazer. As regras são para respeitar. Logo, uma vez que pronuncio | ikulugía |, devo pronunciar | ikunumía |. Se fossemos pelas maiorias, estaríamos todos hoje a pronunciar | diospíru | em vez de | dióspiru |, ou | periúdu | em vez de | períudo |, casos que já foram referidos neste blogue. Eu tive de, certamente com alguma dificuldade, forçar-me a mudar a minha pronúncia de certos vocábulos para respeitar um critério lógico (ou regra fonética). Às vezes custa-me. Outras vezes, faz-me impressão. Mas tem de ser, a bem da coerência.
Ao último anónimo: metro é tão truncamento como os demais que referiu. Logo, pelo menos neste caso, segue ordeiramente a maioria e não uma pretensa lógica, com ou sem aspas.
Erro no meu último comentário: ficou «fossemos» em vez de «fôssemos». Peço desculpa.
Em tudo isso, de alguma gravidade para mim há somente aquele «se não» de Venâncio.
— Montexto
Certo. Mas, quanto maior a qualidade da pessoa, maior a nossa exigência.
- Montexto
Referia-me à unidade de distância, obviamente. Só agora percebi que metro é também truncamento de metropolitano. Aqui o caso também é diferente, pois a palavra já existia.
Montexto,
Lamento, mas mantenho «se não» no contexto em que o escrevi. Passo a explicar.
A frase anterior era:
«suponho que com o [o Helder] visa o O "aberto"».
E prossigo: «É que, se não [visa], temos um problema bicudo».
Percebe-se?
Helder,
Creio que o Último Anónimo respondeu acertadamente: metro (pron. métru) já existia noutra acepção.
Já expo pronuncio com O «aberto».
Pois respondeu, pelo menos se considerarmos que é assim por mera coincidência da palavra plena com a palavra truncada. Ou não é assim? Quanto a expo, que também pronuncio com o aberto, apenas a referi porque nem todos os falantes a pronunciam da mesma maneira.
Percebe, Venâncio. Mas parece-me que nesses casos se impõe «senão» significativo de «de outra forma», «aliás», «quando não». Há aí um matiz que escapa facilmente. Remeto «brevitatis causa» para a resposta do Ciberdúvidas n.º 22340: «Senão dif. de se não», bastante elucidativa, quanto a mim.
- Montexto
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