1.1.11

Sobre «miso»

Lembrei-me agora


      みそ, estão a ver?, não consta (transliterado, sim) dos dicionários da língua portuguesa. Oh, que pena... Ia jurar que... Miso, a sopa tradicional japonesa. Com os dicionários a abrirem os braços a sushi (e porque não está já aportuguesado em «suxi», por exemplo? Deve ser por causa dos turistas...), não me parecia mal que estivesse já nos nossos dicionários. Até porque é mais semelhante ao português. Os Espanhóis têm o vocábulo «miso», mas é uma interjeição usada para chamar os bichanos. E nós, como os chamamos? E como mandamos parar um cavalo? Uô? (Se o cavalo for inglês, é melhor dizer-se whoa.)

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11 comentários:

Anónimo disse...

Que os dicionários e eu saibamos, mandam-se para com um «xó!».
Mas, claro, se a cavalgadura for camone ou bife, o bom Português é bem capaz de se lhe dirigir num inglês irrepreensível, adaptando até a prosódia à nacionalidade da besta.
- Montexto

Anónimo disse...

«parar», disse ele.
- Mont.

Anónimo disse...

Uma questão de menor importância: se "sushi" fosse aportuguesado, não deveríamos ter "suxi"?

Anónimo disse...

A questão não é assim tão menor.
Bacoreja-me que o leitor tem razão: haja vista o topónimo «Hiroxima», que a inglesada grafa «Hiroshima».
Mas claro que sua excelência o turista é quem todo lo manda e mandará.
- Montexto

Helder Guégués disse...

O leitor tem razão, mas não, como bacoreja a Montexto, pela analogia com o topónimo Hiroxima e porque os Ingleses grafem assim ou assado. Temos, na realidade, um nome comum aportuguesado do japonês, urushi (que designa o verniz de laca japonesa), que deu uruxi. Tanta razão, que já corrigi. Muito obrigado.

Anónimo disse...

Muito bem.
Mas o que eu - que não sei japonês, nem chinês, nem grego, nem latim, nem inglês, nem alemão, nem francês, nem italiano, nem espanhol, e não me gabo de saber português - o que eu queria dizer lá na minha era que a razão por que a inglesada grafa «Hiroshima», e nós «Hiroxima», talvez fosse semelhante à que mandaria grafar aqui «suxi», e lá «sushi».
Mas não dava um cigarro por este palpite...
- Montexto

Anónimo disse...

Sempre ouvi que o aportuguesamento de "línguas exóticas" (não sei o que as define como tais) dava preferência para o "x", a exemplo de Vixnu, caxemira e a própria Hiroxima, já mencionada. Confesso que não lembro onde ouvi ou li tal informação, por isso questionei sem muita segurança.

Anónimo disse...

Lembrei-me ainda de "xintó" (que origina o xintoísmo) e "xógum", duas outras palavras aportuguesas do japonês que são transliteradas, respectivamente, como "shinto" e "shogun". Outras mais podem ser que se fixem no léxico português, ao menos do Brasil, onde a influência japonesa é maior e constante, mormente com essa última onda nipófila dos mangás e animês. Quem sabe não veremos em breve um "buxido" por aí...

Anónimo disse...

Permitam-me repisar esta questão mais uma vez, depois de passados tantos dias em branco (ou antes, comigo a falar sozinho): acabo de encontrar aquilo de que falara num comento anterior, sobre as línguas exóticas serem aportuguesadas com X. É trecho de obra do mui referido Cláudio Moreno:

"[...]começo lembrando que, na Reforma Ortográfica de 1943, até hoje em vigor, dois grupos de palavras receberam um tratamento especial. Em primeiro lugar, os vocábulos originários de línguas ágrafas - sem escrita, como eram todas as nossas línguas indígenas e todas as línguas africanas que entraram aqui no período da Escravidão.
Em segundo lugar, os vocábulos originários de línguas com alfabetos exóticos (entenda-se: todos os alfabetos que não forem o alfabeto latino - o grego, o cirílico, o hebraico, o japonês, etc.). Nessas palavras, jamais usaremos CH, SS ou G, mas sim o X, o Ç e o J: açaí, lguaçu, Paraguaçu, miçanga; xaxim, Hiroxima, xale, paxá; acarajé, mujique, jiló, etc. É um bom princípio geral[...]"

In: MORENO, Cláudio. Guia prático do português correto: ortografia! Porto Alegre, L&PM, 2006, p. 38.

Anónimo disse...

Ora aí está, C. Kupo. Nada de aportuguesamentos com «sh» ou «ch». Bacoreja-me que o próprio aportuguesamento do «sh» bife seja ou deva ser «x», e portanto, por exemplo «shampoo», deva ficar «xampô» ou até «xampu», e não «champô», como por aí grassa grosso e grosseiro...
- Mont.

Anónimo disse...

Só em Portugal (e não digo "só" como se fosse pouca coisa); no Brasil, apenas xampu, mas o mais corriqueiro ainda, dói-me dizê-lo, é vermos os produtos ostentando o original "shampoo" em seus rótulos.