Antes surdo
«Aos moços de fretes também se chamava moço de esquina ou ainda moço de corda, aludindo com isso que estaria ligado por uma corda, qual títere fantoche, ao patrão. E é precisamente desta última asserção, enquanto alguém ligado por uma corda invisível ao patrão, que a expressão “ser um moço de corda” tira o seu actual significado de pau-mandado» (Mafalda Lopes da Costa, Lugares Comuns, Antena 1, 21.02.2011).
O que fica transcrito é sensivelmente metade da crónica — e não é preciso ler duas vezes para perceber que podia estar quase tudo assinalado a vermelho. Desconcordâncias, má redacção, repetições, erro crassíssimo («asserção»!)... E também me sobra a suspeita de que a explicação para a expressão não é a referida. Não se deverá antes ao facto de antigamente os galegos estarem aí pelas esquinas da cidade com cordas ao ombro à espera de alguém os contratar para qualquer trabalho que requeresse força bruta?
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4 comentários:
Nem mais sobre os galegos. Também levavam recados às meninas namoradeiras, não era só trabalho pesado.
Tinham um boné com uma chapa da Câmara. Quase uns G.N.R. ...
Cumpts.
Minha longínqua ascendência galega assustou-se com a especificação, mas uma consulta ao Houaiss me fez ver que nela não existe preconceito. Ainda bem que fiz a consulta, pois já tinha redigido mentalmente meu 'protesto'.
Ou seja, ao primeiro aspecto, o texto parece sofrível; atenta-se melhor, não obedece à velha regra de sujeito, verbo e caso: mais um lugar muitíssimo comum para a boa da Sr.ª comentar na próxima vez, lá no seu programa.
— Montexto
E a Portuguesa e Brasileira parece dar-lhe razão: «Moço-de-corda, o mesmo que moço-de-esquina e moço-de-recados. Moço-de-esquina, homem que, ordinariamente, estaciona à esquina de rua movimentada, à espera de que alguém utilize os seus serviços de carretos, recados, entrega de cartas, etc.; o mesmo que moço-de-recados e moço-de-corda.»
Quem quiser especializar-se na moçada, encontra lá muitas e desvairadas espécies: 39 contei eu, se contei bem...
— Montexto
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