Fala o autarca
Seja este exemplo: «[…] bastando para tal que estivesse servido de uma boa rede de acessibilidades.» Escreveu o já extinto Fernando Venâncio Peixoto da Fonseca: «Quanto a acessibilidade, “qualidade do que é acessível”, não é o mesmo que acesso, que não possui tal significado, pelo que estas duas palavras têm empregos distintos.» O Dicionário Houaiss (versão electrónica) regista para «acessibilidade»: «qualidade ou carácter do que é acessível; facilidade na aproximação, no tratamento ou na aquisição». O Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora acrescenta esta acepção: «conjunto das condições de acesso a serviços, equipamentos ou edifícios destinadas a pessoas com mobilidade reduzida ou com necessidades especiais».
O exemplo acima é claríssimo: não há «redes de acessibilidades», isso é tolice. Há redes de acessos. Há, contudo, casos de fronteira em que é difícil afirmar categoricamente se se deve usar «acessibilidade» ou «acesso». Lembro-me de Montexto ter aqui condenado o uso de «acessibilidade», mas suponho que o fez tendo em mente o seu uso indevido em vez de «acesso», e não o termo em si.
[Post 4646]
4 comentários:
Evidentemente.
Lembro-me de ter ouvido também Hermano Saraiva objurgar esse emprego num dos seus programas televisivos. «Acessibilidade» por «acesso» é o horror!
— Montexto
"Rodriguinho de linguagem", foi como ele o crismou.
Cumpts.
P.S. — Se houver casos de fronteira, na dúvida prefira-se a mais curta. É uma velha regra: não usar duas palavras se uma basta, nem uma comprida e complicada se a simples serve, salvo que se pretenda e busque um efeito determinado.
— Montexto
Ora aí está uma excelente recomendação do Montexto que muita gente devia pôr em prática!
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