A escorrer mel
«O tocador de realejo e o seu macaco, libertados depois do pequeno-almoço das suas instalações frequentes na prisão, arranhavam incansavelmente Sous Les Ponts de Paris até que alguém lhes ofereceu um copo de vinho e um bocado de nogado de amendoim, respectivamente» (Hannibal: A Origem do Mal, Thomas Harris. Tradução de Maria Dulce Guimarães da Costa e revisão de Cristina Pereira. Lisboa: Casa das Letras, 2007, p. 83).
Não se trata de um erro de tradução — ou, pelo menos, não é isso que me preocupa agora, embora quando um inglês pensa em nougat não veja o mesmo que eu quando penso em nogado. Quando leio ou ouço a palavra, vem-me sempre à mente os nogados, brilhantes da calda de mel em que eram mergulhados, que a minha tia Joana fazia, iguaizinhos aos da imagem (tirada daqui). Todos os dicionários registam «nogado», mas durante quase toda a vida ouvi /nógado/, talvez, considero agora, por influência do espanhol nuégado.
[Post 3517]
2 comentários:
Boa intuição, Helder, essa dum castelhanismo em nógado, de nuégado, sim, e este de nuez (noz).
Só pode, como diria um brasileiro.
Também eu sempre ouvi nógado. Parece-me uma designação própria do Sul. Será o doce meridional?
Quanto a mim, se é que posso alvitrar, deriva do francês «nougat», cujo 't' final é mudo.
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