7.9.10

Sobre «ranger»

Ranger os dentes


      «Com a base situada no antigo Convento de Santa Cruz, em Lamego, o Centro de Tropas de Operações Especiais (CTOE) comemora hoje 50 anos de disciplina e rigor sem nunca mudar o lema dos Rangers: ‘Vontade e valor’» («Disciplina e rigor definem Rangers», Ricardo Coelho, Correio da Manhã, 6.09.2010, p. 13).
      Neste caso, o jornalista não tem a culpa de nada. No final da década de 1950, Salazar e as chefias militares viram que era necessário organizar forças militares para operações de tipo não convencional, ou seja, contraguerrilha, nos «territórios ultramarinos». Assim, em 1962, o Estado-Maior do Exército enviou o capitão Rodolfo Bacelar Begonha a frequentar um curso nos EUA. Quando regressou a Portugal, este capitão recebeu a missão de organizar um curso semelhante no Centro de Instrução de Operações Especiais (CIOE), actual Centro de Tropas de Operações Especiais (CTOE). Tão semelhante, na verdade, que nem o nome foi diferente: curso de «Instrutores e Monitores de Operações Especiais (tipo ranger)».
      O vocábulo, sabemos, é um americanismo, designa o soldado especializado em ataques de surpresa, membro de um comando. Porquê «ranger»? Porque é «a soldier specially trained in close-range fighting and in raiding tactics». Já aqui vimos como se deve evitar, nas traduções, o americanismo «marine». Infelizmente, nem todos os tradutores reflectem nestas questões.

[Post 3848]

1 comentário:

Anónimo disse...

«Memento homo»: «A inteireza do espírito começa por se caracterizar no escrúpulo da linguagem. A vida parlamentar, a administração e o jornalismo têm sido, em toda a parte, os mais poderosos corrutores da língua e do bom-gosto» (da réplica do senador Rui Barbosa às defesas de redacção do projecto do Código Civil Brasileiro).
Juízo ora e sempre confirmado.
- Montexto