15.1.11

Tradução

Com tapa-pés


      «Os técnicos de laboratório foram requisitados e, nos seus fatos de tyvek brancos, procederam às buscas mas nada mais foi encontrado» (Crimes, Ferdinand von Schirach. Tradução de João Bouza da Costa e revisão de Clara Boléo. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 2010, p. 139).
      Talvez, com as imagens de filmes recentes ainda presentes, os leitores saibam do que se trata, mas, ainda assim, vejam como é mais claro o que se lia numa reportagem publicada hoje no Diário de Notícias: «Os inspectores detêm 30 jovens para interrogatório. A equipa da LPC [Laboratório de Polícia Científica] fica no terreno para realizar as perícias. Com fatos de protecção descartáveis, tapa-pés e luvas, para impedir contaminações do local e dos vestígios, iniciam a observação no passeio anexo ao muro do Colégio [Pina Manique], recorrendo às técnicas de observação directa (os olhos) e luz rasante, com utilização da lâmpada forense GoldPanther de luz branca. Tiram fotos» («Caso encerrado», Céu Neves, Diário de Notícias, 15.01.2011, p. 6). «Fatos de protecção descartáveis», nem mais. E «tapa-pés» também é um achado de simplicidade.

[Post 4326]

4 comentários:

R.A. disse...

Descobri no Google que "Tyvek" é o nome comercial de um tecido de proteção desenvolvido pela Companhia DuPont (protege contra o pó, raios ultravioleta, químicos e outros agentes).
Não devia estar a vermelho no texto, significando que o tradutor e o revisor deveriam ter seguido o exemplo do DN?

Helder Guégués disse...

Não, porque de nome próprio, de marca, se tornou nome comum. É o que se designa derivação imprópria, de que já aqui falei várias vezes. Só pretendi chamar a atenção para a forma de dizer mais clara do Diário de Notícias.

Bic Laranja disse...

Pois sim. Sigamos à luz da tal lâmpada forense, seja, do foro, do tribunal, portanto. Mas ao depois não me venham que os juizes não vêem...
Cumpts.

Bic Laranja disse...

(A lâmpada forense ofuscou o acento do juiz)